Tenho que fazer furos. Buracos. Bob faz holes pra escapar do vício. Eu estive neles. No fundo de muitos deles. Fiz alguns também - no peito, na memória, na alma. É irônico que a salvação de um viciado seja fazer buracos. Alguém que vive neles que os faça, por isso farei-os o mais fundo fundo que puder, porque nada que eu faça como homem ou indivíduo sublima a vida. Pra quem faz buracos existir não basta. Eu vou fazer buracos. Os furos salvaram Bob. Salvaram? Salvaram de que? Há vida fora do vício? A insanidade seria aquela vida no vício ou aquela submetida, reprimida, condicionada a sociedade? A questão não é o prazer - desde Epicuro que não -, embora a sociedade incentive-o e determine isso como ideal supremo de vida. Preciso renunciar aos vícios - o vício da sociedade adaptada, bem sucedida, saudável, asséptica, parcimoniosa, conformada. Deve haver vida entre a adaptação, a negação e a abnegação. Preciso fazer furos.....
ps.: Bob era o viciado de Gus Van Sant em Drugstore Cowboy.
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