sábado, 10 de setembro de 2011

Casa de papel


Na dura frieza da vida é que se aprende.
A vida ideal é o refugio dos inseguros.
Dos moralistas, ingênuos ou presunçosos.
Pragmáticos.
Toma a parte pelo todo e a exceção pela regra.
Tudo é bem ou mal, certo ou errado, verdadeiro ou falso?
Senhores da verdade, da moral e da razão.
Autoritários.
A falência da sua lógica e moral ele levanta a voz.
Superiores.
Aquilo que não entendem, não aceitam, destroem, excluem, desqualificam, exterminam.
O enfrentamento e a cantilena moralista e politicamente correta é o combustível do mal estar.
A hipocrisia, a ignorância, a força, a autoridade, a proibição, a prepotência e o desprezo multiplicam os vícios e os viciados.
O viciado não é sempre um não-aceito pela sociedade, é também um deslocado ou aquele que a despreza  - talvez um outsider.
Será que não notou que nós vivemos num inferno e que faz no mínimo duas décadas que “enfrentamos” uma situação do mesmo jeito, com as mesmas estratégias, mesmos discursos, mesmas ideias, mesmas pessoas? Os adjetivos são os mais autoritários e preconceituosos possíveis: "enfrentar, erradicar, exterminar, chaga social, guerra as drogas." Bate e assopra: redução de danos! Fui viciado, não nasci sociólogo, vivi esse inferno e vivo ele ainda, acompanhei dezenas de cortejos, estive em muitas prisões, antes, porem, sou da rua, não sou ingênuo e nem deslumbrado. Não compartilho das boas intenções e tampouco das misérias políticas, intelectuais ou midiáticas altruístas e hipócritas. Não frequento gabinetes, púlpitos ou estúdios.
A realidade é dura, a verdade é fria e elas nem sempre condizem com as fantasias ou demagogias politicamente corretas. Porem, pior que elas é a mentira ou o discurso blasé vazio e moralista que em nada ajuda e, quando provoca algo é repulsa ou risos - falando apenas como dependente.
A verdade da vida do viciado é cheia de mentiras e aqui não tem nenhuma e o que construir será sobre essa base: a verdade. Porque já tem gente demais mentindo, julgando, mobilizando, sobretudo, "recursos financeiros". Porque não é possível refletir sobre ilusões ou mentiras e muito menos reproduzi-las - cínica ou ingenuamente. A minha contribuição e demonstração de respeito é a verdade. É a minha resistência, a minha rejeição e repulsa a ignorância, hipocrisia e a demagogia. Porque apenas sobre a verdade poderemos pensar a sua real - e não ideal ou fictícia - dimensão e complexidade. Tambem não julgo ou fico reproduzindo a ladainha politicamente correta. Quem quiser que pense, sonhe ou julgue.




Um comentário:

  1. Acho que devemos fazer coisa proibida - senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.

    Clarice Lispector

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