Recebi um convite para participar
de uma seleção para a Anistia Internacional e outro para a Secretaria de Direitos Humanos -
equipe técnica para a Comissão da Verdade. Recentemente me
convidaram também para compor um grupo de estudos para
eventos relacionados aos 20 anos do massacre do Carandiru.
Entre as inúmeras exigências consta o domínio da língua inglesa. Trata-se de questão relevante para a atuação politica no contexto nacional, bem como para a reflexão acerca das determinações que resultam no extermínio da população brasileira. Irrelevante deve ser o domínio da historia e cultura nacional, como demonstraram os diversos advogados com os quias tive a oportunidade de conviver na pós e pelos presídios e instituições de segurança que trabalhei. Por outro lado, me parece claro que a questão seja outra, trata-se daquilo que esta intrínseco a manutenção da ordem estabelecida e do status quo - no sistema capitalista a moral é burguesa.
O poder - politico - ou o seu
acesso reserva-se as "elites" - econômicas ou técnicas
- e, nesse sistema, o objetivo
consiste apenas na sua manutenção. Soberbos, são intelectualmente limitados,
culturalmente indigentes, moralmente medíocres, esteticamente vulgares, ideologicamente
oportunistas, eticamente levianos, eis as características daquilo
que podemos chamar por burguesia brasileira - elite e classe média.
Em suma, no que diz respeito
a questão dos direitos humanos, menos se considera o comprometimento
ou engajamento politico e social - e isso SÓ PODE SER IDEOLÓGICO
- do que
aspectos técnicos determinados pela ordem neoliberal globalizada
- procedimentos de exclusão. Em uma palavra, todo
o debate acerca da questão dos direitos humanos no Brasil segue a cartilha
determinada pelos organismos internacionais manipulados pela hegemonia capitalista ocidental -
USA/UE/ONU/OTAN. Nesse contexto, qualquer outra analise
ou hipótese estão fora de questão - no repertório elitista
"politicamente correto", SUPERADAS.
Miséria da Filosofia, do debate, da ciência, da moral, da estética,
da Politica. Embora não se admita o debate,
evidente que quando se fala ou pensa em DH trata-se de politica e, portanto,
ideologia.
Recentemente fiz um trabalho em uma comunidade de Bertioga - politica habitacional do Estado. Era
um dos técnicos da Equipe Social. Fazia a ponte entre a equipe de obras, poder
publico e comunidade, bem como colaborava para a organização comunitária. Do ponto de vista objetivo, de um
lado, a participação popular trata-se de um requisito indispensável a democracia e a cidadania, bem como exigência do Estatuto das
Cidades, de outro, importante estrategia
de mobilização e organização comunitária para o desenvolvimento da intervenção. Em uma palavra, obrigação do poder publico e
dever do homem publico, sobretudo, daqueles que tem apreço pela democracia participativa. É
essa clareza com relação ao papel do Estado e do homem publico, sobretudo,
do Técnico Social, esse apreço pela democracia que carecem nas pessoas que atuam em
politicas publicas que envolvem diretamente as comunidades - nem falo de socialismo ou
socialistas porque desconheço essa espécie na administração publica. A ausência disso
prevalecem o autoritarismo, a truculência, o assistencialismo, o
paternalismo e o clientelismo. A práxis do Estado
autoritário e da elite pequeno burguesa!
Quando deixei o trabalho a responsável pela equipe técnica estava ameaçada na comunidade e havia contratado um segurança para andar
pela área. O dia que eu não puder entrar e sair de qualquer comunidade - já atuei em
Guarulhos, São Matheus, Pirituba, Cubatão, Santos, Providencia (RJ), Maré (RJ),
Nova Iguaçu (RJ) - eu mudo de profissão. Humilhava, ofendia, debochava e desprezava as pessoas tanto quanto os engenheiros fazem - deve ser a convivência. Tipico de um governo elitista que culpa os pobres pela miséria, violência e promove ações como a do Pinheirinho e na Cracolândia. Preciso dizer mais alguma coisa?
Ela sempre dizia - antes e depois - de me chamar a atenção por causa de algum
papel - relatório (formatação e não conteúdo), instrumental, formulário, etc - que eu nunca encontraria um emprego como
esse - por causa do salario. Quando saí disse duas coisas: dinheiro não me compra, não
sou mercenário e nem prostituta ou gigolô. O importante não são os papéis, são as pessoas. Sou
socialista, não se esqueça!
Certa vez estava em um barzinho
badalado da cidade. Eu, um parceiro de mesa e um fornecedor.
Eramos assíduos no bar e nunca deixávamos menos de 100 reais
por noite. Chegam dois figurões. Fanfarrões,
metidos e sebosos. Sentam-se ao lado. Pedem Bohemia. Risos, postura arrogante e
debochada, camisas por dentro da calça, meia idade. Falam sobre tramas,
tramóias e conluios. Pensam que falam de politica.
Pensam-se poderosos tubarões, não passam de remoras. "Fulano vai
apoiar sicrano", "beltrano tem não sei quantos na mão",
"a construtora não sei das quantas vai colaborar com
um milhão", "acho que o vereador não sei das quantas tem chance." Enfim, nada de
projeto de governo, nada de políticas publicas, nada de ruptura
ou transformação, nenhuma questão
de caráter ideológico. Apenas poder pelo poder e, evidentemente, para se
locupletar. Quanto mais sobe o nível etílico mais baixa o
moral, mais se expõem. Alem da
total ausência de subsídios ideológicos, morais
e técnicos, carecem ainda de bom senso e
vergonha na cara! Essa é uma amostra da politica na "base" como acontece no Brasil - vi isso em Cubatão, Guarulhos, São Vicente e Nova Iguaçu também. Em São Vicente alias, acontece a farsa das ONG's de vereadores ou ligadas a políticos da cidade a serviço de interesses de governo e eleitoreiros. Nada alem de cooptação, barganha, clientelismo, troca de favores, conluios, formação de quadrilha.
Os parceiros nada ouvem ou
percebem. Pergunto ao fornecedor sobre o crime organizado na cadeia que cumpriu pena. Ele responde que
existe e é perigoso. Sorrio e respondo que o pior senta-se ao lado e nem sabe o
que seja cadeia ou tribunal! A dona do estabelecimento
olha-nos de soslaio e não nos cumprimenta na presença deles. Lambe-os, embora gastemos
mais do que eles. A pobreza de espirito,
a ausência de caráter é a qualidade do bajulador. Lembro-me de alguns nomes e uma
frase para finalizar. Zeca do Gás (melhor não perguntar que tipo de gás), Antonio do
1,99 (de 1,99 em 1,99), Alecrim da Farmácia,
Bill do Ferro Velho,
Pastor Clayton (pra exorcizar?) distribuídos entre o PR, PSC, PRP, PSL,
DEM, PTB. Dizer o quê do nível partidário e candidatos?
"Na vingança e no amor a mulher é maior do que o homem" - André Argello - político de Bertioga. Agradeço se alguém puder me explicar o que é essa "homenagem" pelo Dia da Mulher - elogio ou insulto?! "Deus abençoe" então, como todos fazem questão de ressaltar ao final das suas mensagens... . É inacreditável, mas falar de Deus, mesmo na politica e em pleno seculo 21 para as classe populares ainda funciona como incontestável atestado de boa índole e caráter idôneo e ilibado, bem como exime de coerência político-ideológica e até projeto político! A confusão deliberada entre palanque e púlpito mascara as piores intenções e atende a interesses privados e pouco cristãos. E assim é que ainda se faz politica e homens públicos no Brasil democrático do seculo XXI.
"Na vingança e no amor a mulher é maior do que o homem" - André Argello - político de Bertioga. Agradeço se alguém puder me explicar o que é essa "homenagem" pelo Dia da Mulher - elogio ou insulto?! "Deus abençoe" então, como todos fazem questão de ressaltar ao final das suas mensagens... . É inacreditável, mas falar de Deus, mesmo na politica e em pleno seculo 21 para as classe populares ainda funciona como incontestável atestado de boa índole e caráter idôneo e ilibado, bem como exime de coerência político-ideológica e até projeto político! A confusão deliberada entre palanque e púlpito mascara as piores intenções e atende a interesses privados e pouco cristãos. E assim é que ainda se faz politica e homens públicos no Brasil democrático do seculo XXI.
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