quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CRACKONHA, TRAMAS E BLÁ,BLÁ,BLÁ.



Jovem sob efeito da CRACKONHA.

A noticia é alarmante: foi descoberta e apreendida hoje uma carga de uma “nova droga” denominada CRACKONHA (?) no RJ! Trata-se de maconha misturada ao crack. Segundo informações, a droga também foi apreendida em MG. De acordo com especialistas, a mistura potencializa os efeitos do crack aumentando a dependência!

É impressionante .... a quantidade de bobagens e tolices descritas em uma só reportagem  e a leviandade com que um assunto dessa gravidade é tratado! É sintomático de uma sociedade ignorante e preconceituosa, ávida pelo espetáculo sensacionalista, caracterizado pela ausência crítica e superficialidade, produzidos em massa e cujo único objetivo é criar fatos para o seu consumo compulsivo.

Evidente que as mass mídia, obedecendo aos interesses exclusivamente comerciais, não sejam o espaço adequado ao debate e a formação. Impressiona é o fato como alguns intelectuais baratos - são baratos por que são vendidos ou são vendidos por que não tem competência e escrúpulos? -  veem a reboque, como as rêmoras a volta da boca do predador, prontos a chancelar - emprestando a autoridade do ramo do conhecimento ou instituição que representam - os maiores absurdos e qualquer fantasia que elevem as vendas ou a audiência! Houve um tempo em que as coisas aconteciam com uma maior ou alguma discrição. Tempos em que as notícias não voavam pelas milhares de antenas e cabos e nem as pessoas tinham tanto acesso e compulsão por elas - venham de onde vierem. A época dos jornalistas, intelectuais, estadistas. Época das penas – e não da imagem e propaganda.  

De fato, mais analfabetos, menos leitores, portanto, menos veículos. Menos leitores, menos consumo por notícias. A ausência de tecnologia e recursos visuais compensava-se pelo talento do jornalista – rigor e estilo do texto, aprofundamento e precisão das informações. A relação quantidade X qualidade era inversa. A mesma lógica serve para tudo – educação, jornalistas, informação, intelectuais, políticos, drogas, moveis e eletrodomésticos.

A Globalização introduziu-nos no primeiro mundo e os novos – alguns nem tanto – estadistas elevaram-nos a um novo patamar civilizatório – democracia de mercado. Hoje somos todos quase classe média, ao menos em termos de mercado e acesso a bens de consumo e crédito. Um país do quê? Todos ou tolos? Assim, para atender as demandas – menos reivindicações populares ou direitos do que exigências de mercado – expandiram-se a produção e o consumo de bens e serviços públicos e privados materiais, intelectuais, espirituais e até de artificiais – como diria o poeta inglês.

Conforme aumenta-se a produção, se aumentam as relações sociais e institucionais tornando-as mais complexas. A dinâmica global do processo produção e consumo aumenta a competição e concorrência exigindo novos arranjos produtivos e novas competências de Estados, mercados, instituições e indivíduos – empresas, governos, jornalistas, intelectuais, políticos, bandidos.

Nesse processo, a tecnologia aproxima a fonte, o fato e o especialista do jornalista e este do leitor. Articula o saber – informação – e o poder – políticos. Assim, a velocidade com que as informações são produzidas, distribuídas e consumidas, voando pelos cabos e antenas resulta de um lado, da tecnologia e de outro, da articulação de setores antes próximos, porem não ligados, por meio dela. Das tramas políticas e governamentais de outrora as tramóias sem começo, meio e fim protagonizadas pela articulação de mídia, intelectuais e políticos a serviço da sociedade de consumo e para a manutenção do status quo.

Com efeito, é intrínseca a relação imprensa e poder no Brasil – a histórica e famigerada imprensa chapa branca – e isso ajuda a entender a celeridade com que essa noticia foi divulgada – a “nova” droga denominada pelos especialistas de CRACKONHA! De fato, nesse conluio, não se trata de esclarecer, é a lógica da produção para o mercado de consumo – quantidade a despeito da qualidade -, portanto, a apreensão pelo Estado se faz acompanhar por um diagnostico ou analise – pré-fabricados – de um especialista e a imprensa para divulgar e produzir o espetáculo! O governo atua, a academia autentica e a imprensa fiscaliza e informa. Ou melhor, o governo representa, a academia falsifica e a imprensa aliena e deforma! Nada mais a acrescentar Sobre a Televisão e o Jornalismo - como disse um  sociólogo francês.

A Era dos Extremos não acabou e a Sociedade do Espetáculo permanece. É a época da futilidade, da superficialidade, do pragmatismo patológico, da ignorância, do cinismo e do grotesco. Da tecnologia, do conforto, da saúde, do lazer, prazer e do luxo. Do consumismo e do individualismo. Da depressão, ansiedade, terapia e vícios. Para finalizar, a referida CRACKONHA não passa de uma porção de maconha e outra de crack em uma mesma embalagem, senão para facilitar a circulação e o comercio dos usuários de “mesclado." Seria cômico, se não fosse trágico, imaginar um usuário chegando a uma biqueira e pedindo uma porção de CRACKONHA!!! Só os especialistas tupiniquins mesmo para serem tão estúpidos e presunçosos para subestimar o bom senso e a inteligência dessa maneira!!! Como será que se pediria – um pino ou uma bucha de crackonha? Talvez uma pamonha - pra disfarçar. Só rindo pra não chorar... . Enfim, agora não é o sociologo o escrivinhador, é o reles ex-usuario de “mesclado” por oito anos e que desde 1996 – para espanto dos especialistas! - o conhece. Por fim e para encerrar essa farsa grotesca e festival de mentiras a mistura de maconha com crack, ao contrario do que os céleres especialistas parasitas de gabinete afirmam, NÃO POTENCIALIZA O CRACK, ao contrário, minimiza os seus efeitos, posto que contrabalança o efeito e a fissura, diminuindo a sua potência e abstinência por meio do relaxamento ocasionado pela erva. Só quem usa ou já usou ou ao menos conviveu com um usuário é que sabe e não esses presunçosos, ignorantes, oportunistas e preconceituosos parasitas que faturam e tripudiam em cima da tragédia alheia. Até pra desonestidade intelectual, oportunismo e pra demagogia deveria haver limites! Eu parei, mas depois disso tudo, dá até vontade de fumar uma CRACKONHA, se é que se fuma e eu soubesse aonde e como se compra. Acho que preciso retomar meus contatos acadêmicos urgente!

 

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