quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Morte

O sangue corre. Escorre. Explode. Um alivio após a dor pela dilaceração. Um alivio após a tensão que o precede. E ele se vai apressado acariciando a pele. Seu toque é quente e aveludado, convidativo, aconchegante. Vem acompanhada pela paz e se apresenta de modo suave. Sutilmente se insinua, flerta, seduz. Como uma brisa ao final da tempestade. O sangue lambuza as mãos por entre os dedos. Quase pode-se ouvir os pingos ao senti-los caindo. A ponta dos dedos toca a poça no chão. O alcool e a sensação de alivio inebriam e adormecem. O peso do corpo sobre o braço estanca o sangue que coagula. Acorda com sede e com os dedos grudados, a ferida pulsando e o sangue coagulado. A cicatrização é rápida. Contempla o fracasso e com a sobriedade vêm a frustração, a fúria e a dor da ferida. Bebe agua, reabre a ferida, dói e o sangue hesita, se arrasta. Olha pro outro braço, mas, o ferido é incapaz de fazê-lo. Basta por um dia. A dor, a raiva, a decepção, o sono e o cansaço vencem. Pouco importa, a morte pode esperar. Importa a tranquilidade diante dela. A vida fica mais leve. Se vier que venha... porque para um homem tem coisas piores do que a morte.

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