quarta-feira, 6 de maio de 2015

Desvios.

A estrada é longa. O calor, o vento, o sol na face. Incontáveis paisagens, pensamentos e sentimentos. Ansiedade. A cidade imensa, o caos, a turba, a urbe. Estou em casa. O muro, a terra, os trilhos. O cheiro de óleo e borracha. O cheiro do rio e da cidade sob meus pés. O pensamento voa ao encontro dela. Que faz agora? Onde está nesse exato momento? Em casa? Na escola? Brincando? Dormindo? Essa foi a vida que vi passar um dia e perdi. É o resumo de um dia entre tantos que passam e nos escapam enquanto sonhamos, fantasiamos, hesitamos, esquecemos. Ouço o trem, sinto o calor, o vento, a angústia. Lamento o que não podia, não sabia, não sentia. Quantas vezes me esperou? Quantas vezes cansou? Quantas vezes foi feliz? Quantas vezes pude e não pensei e nem fiz? Vi as horas passarem, os dias se arrastarem. Os meses, o tempo, os sonhos, as esperanças, as ilusões desvanecerem. O sorriso se deteve, a palavra engasgou. A lágrima secou, o olhar vacilou, o sangue gelou. O sonho se foi, esvaiu-se com a fumaça. E a noite veio há cinco anos, com ela a sombra da saudade e a tristeza. Um vulto errante. Alegoria furtiva que vaga e tropeça. Fiquei pelo caminho, no pensamento, no passado, na lembrança... .

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