sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tempo

Quando as almas se encontram?
Quando basta o silencio?
Os olhares se tocavam.
Nada diziam.
As palavras não fazem sentido! Há muito se tornaram dispensáveis. Corações se entendem pelas mãos, pelos olhos, pelos lábios.
Um dialogo entre almas vai muito alem das palavras. Envolve o impronunciável, o intangível, o intocável, o insondável, o inexorável.
Elas são impotentes, inúteis, inválidas, insuficientes, indecentes. Causam mais equívocos.
Mas os olhos nada diziam. Fugiam. A alma se debate no corpo contra eles.
Os olhos sugestionavam questionamentos, dúvidas, medos. Sentem-se impotentes também. As almas inquietam-se. Nem consigo ou quero mais pensar. Que adianta? Que bom que tenho o ar!
Como pode existir algo inconcebível? Meu coração só sabe procurar respostas. Nem os olhos ou o juízo ou as palavras. É a alma que fala, que toma, que doma. Rompe, sublima, sucumbe e submete. Uma luta contra si mesmo através do outro. O silencio desafia e intimida. Requiem da derrota. Cada segundo que o tempo nos escapa morremos um pouco porque deixamos de viver. Ela se afasta. Eu só quero viver um pouco e esquecer por um instante que somos vivos, mortais, falíveis. Esquecer o tempo. Eles se afastam, escorre, se esvai.
Entre quatro paredes eu sou apenas o olfato – os animais nada sabem sobre o tempo. Tudo são cheiros. Porque os olhos me causam aflição. As palavras são impronunciáveis e vãs, sem sentido. Nem quero ouvi-las. Tudo o mais é inútil, apenas flui. Resistência, resistência. Resistir à certeza? Resistir à vida? Ao amor? E o tempo é irresistível, implacável. Tudo pode e tudo consome. Basta-me o ar, o silencio, a respiração, o cheiro, o toque. O essencial não se vê. Por que não nos basta nunca o amor? Por que temos que querer entender tudo, dominar tudo, ter tudo? Tudo é demasiado e bastante. Tudo só causa angustia, tristeza, incerteza, medo e fúria. Ímpeto de resistir e ceder. Conflito entre luz e sombra, corpo e espírito. Todos são um e ambos. Verdade e mentira existem e pronto. Cada qual esta de um lado e a vida tem começo e fim. A felicidade é única para todos. E a renuncia cabe aos santos e deuses. E o tempo passa, a vida passa. Tudo é contra aquilo que somos, sentimos e queremos. E acabou. Sobraram os destroços, os cacos do tempo. Coisas que ele jamais apagará e lembranças de como nos escapou, daquilo que não fomos e poderíamos ter sido. O tempo passou.

2 comentários:

  1. o tempo não morre, ele contorna a estrada.
    nós o matamos quando queremos detê-lo.
    a vida é essa, entre tantas personas que residem em nós mesmos, basta a escolha.
    sempre a escolha, o tempo.
    nosso espírito é eterno, por que pertence as idéias.
    hoje, quando ler vai amar. amanhã, quando ler, desprezarás. ontem não lerás, ontem ainda é.
    tudo se mistura, o amor é a esfinge.
    tudo pode ser e nada será.
    "a angustiante viagem ou o enigma da fatalidade".
    se quer paz, procure-a nas montanhas, perto dos céus.

    au revoir

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  2. MUITO LINDA ESSA MENSAGEM QUE VOCÊ PUBLICOU CREIO QUE ESSE DIA sexta-feira, 24 de junho de 2011.VOCÊ SE RECORDOU DE ALGO PARECIDO E O QUE TE FEZ ESCREVER.REALMENTE O TEMPO PASSOU MAS GRAÇAS A DEUS VOCÊ E TODAS AS OUTRAS PESSOAS CONTINUA VIVA,FAZENDO NÓS SENTIR ALGO QUE O TEMPO PASSOU,MAS O TEMPO É TÃO INCRIVEL QUE PODEMOS SENTIR OS MESMOS SENTIMENTOS E SENSAÇÕES,A DIFERENÇA É QUE O AUTOR É VOCÊ MAS A PERSONAGEM É OUTRA RSRS .......

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