sábado, 9 de junho de 2012

Demônios

Todos temos os nossos fantasmas e demônios. Tenho que viver com os meus. À noite eles vêm me perturbar o sono, assombrar minha consciência. Roubam a minha paz de espírito, meu sono, meu sossego. Enchem minha cabeça com maus pensamentos e lembranças. Dor, remorso, culpa, arrependimento, frustração, angustia, tristeza, desespero, solidão, medo, raiva.  
Por que o homem destrói a si próprio? Por que o homem procura o abismo? Do que ele foge? Contra o que ele luta? Freud fala sobre “pulsão de morte”. Não sei a resposta e essa tampouco me satisfaz. Acaso saber que se vai morrer basta? Faz mais de dois anos que procuro a resposta, luto, me revolto, sofro, fujo, penso e lamento. Às vezes até esqueço o que procuro, não faz mais sentido. Às vezes procuro poupar-me da minha maldita e sádica consciência. O tempo deveria existir apenas para quem vive. Meu maior inimigo depois dela. Abro os olhos com raiva ou indiferença e os fecho de cansaço. Quase sempre preferia não mais abri-los. Não falo, não penso, não encaro. Sou um completo estranho pra mim mesmo e os meus. Um fardo pra mim mesmo e eles. Pouco me importa o que sou e o tempo de ser ou será: se foi. Tenho pena deles, mas não de mim. Tenho pena dela, pelo que fui e sou. Ela chorou, sofreu, mas eu a amava e sofria tambem. Sofria só, com a minha culpa, consciência e angustia. Ela me amava e eu ainda a amo. Amo mais.
Trabalho? Dinheiro? Mulheres? Sexo? Estudos? Que importam os dentes a um morto?
Enquanto escrevo conto os minutos, as horas, os dias, o dinheiro. Que trabalho? Aonde? Pra que? Pra quem? Quando? Pra viver só? A distancia? Nesse caso, prefiro o repouso e a distancia infinita da eternidade. Estudar? Títulos? Pra que? Afinal, o que isso tudo irá me proporcionar ao coração e ao espírito? Nada! Continuarei um maldito infeliz, angustiado, culpado e condenado! É risível pensar que alguma vaidade ou a companhia de uns tolos soberbos poderia me causar algum conforto! As alternativas não me garantem o fim da pena, tampouco reduzem o prejuízo causado ao espírito. Cambaleando, conto os dias e sonho com o fim, seja como for. Pro inferno com os demônios!

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