quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Noite

O pintor dos girassóis passou fome e dormiu nos campos sob as estrelas;
O grande pintor holandês não se fartou na ostentação das cortes;
Para o poeta ou o artista;
É fácil falar da noite, da tristeza ou da desilusão;
Difícil é admitir ser apenas humano, falível e perecível;
Ninguém é plenamente humano na beleza ou na perfeição;
Só no drama, na tragédia ou na comédia;
O trabalho é uma necessidade;
O dinheiro um luxo;
O prazer um vício;
A vida é e existe;
Uma contingência como a morte;
Pensar é o preço da razão – a imaginação não é o pensamento;
Toda a arte, beleza e poesia;
Da ínfima parte do universo,
Ainda me parece uma infinita indulgência ao ser;
Ser é conceber;
Entre o tudo e o nada;
Onde somos  a medida;
E eu e tudo somos a mesma coisa;
Criador e criatura;
A mesma coisa;
A medida da criação e da imperfeição;
Quanta vulgaridade pode caber em um espírito?
Quantas galáxias no universo?
Quantas diferenças entre o pintor dos girassóis e eu?
Entre uma vida e uma morte?
A medida da razão é um começo e um fim;
Concebível, previsível, perecível;
Pior é a miséria e o desespero;
Pior é o medo e o homem;
Soren Kierkegaard, Lima Barreto, Franz Kafka, Oscar Wilde, Nicolai Gogol, Van Gogh;
Se houvesse uma escala, como comparar a felicidade ao sofrimento?
Um e outro apenas existem;
Como a noite e o dia;
E tudo vive e morre;
Independente de poesia, razão ou crença.

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