Em
entrevista ao jornal Folha de São Paulo de seis de dezembro de 2012 o novo
Secretario de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella – ex-procurador
de justiça - afirma: “PCC não é lenda, mas não é a única facção.” Após centenas
de cadáveres, chacinas, extermínio seletivo e envolvimento de policiais nos
assassinatos, sobretudo, militares, é espantoso o nível de esclarecimento do
responsável pela segurança publica paulista! Como é possível que uma mente tão
brilhante e esclarecida estivesse ausente dos planos de governo? Sem duvida
deve ser uma pessoa de espírito nobre e avessa aos palácios! Em dois anos trabalhando em presídios nunca
tive essa convicção – de que o PCC fosse uma realidade e que houvesse outra
facção nos presídios! Apenas ouvi rumores sobre um dito Comando Revolucionário
do Crime, mas, bandidos são, antes de tudo, maliciosos e mentirosos, ao
contrario dos nossos homens públicos! Conforme a Carta de 88 o Ministério
Publico ainda tem “a função de exercer o controle externo das forças
policiais.” A declaração do
ex-procurador revela aquilo que a opinião publica na sua imensa maioria
desconhece ou ignora, ou seja, nada se percebe
em termos práticos do resultado dessa prerrogativa constitucional. Em dois anos
atuando em unidades prisionais paulistas não os encontrei em nenhuma. Consta
segundo os diversos agentes que convivi que raramente ou excepcionalmente
visitavam as unidades, apenas em ocasiões especificas, compulsórias ou urgentes
e ainda assim a contragosto. Convenhamos, lugar pouco aconchegante para quem
está acostumado a paz, sossego e conforto dos gabinetes.
Impressiona-nos a desenvoltura das suas palavras e a ousadia do discurso! Vislumbra-se a coragem, o senso de responsabilidade publica e social e as estratégias necessárias para as ações que enfrentarão o crime organizado estatal e paraestatal. Enfim, uma luz no fim do túnel! A despeito dos 30 milhões de paulistas e paulistanos e do empenho e competência demonstradas pelos governos dos tucanos nas ultimas duas décadas, sinto-me mais aliviado, confiante e seguro com esse discurso sobre as políticas e instituições de segurança publica. Não tenho duvidas que diante de tanta ousadia e criatividade na escolha do novo secretario, seja no que diz respeito a sua formação e experiência anterior, estamos à época de viver a utopia da paz e justiças sociais!
Mobilizem a sociedade, conclamem as massas, acordem o povo! Despertem todos para os novos tempos que se anunciam! Tempos em que os defensores públicos, o Ministério Publico, promotores e juízes visitarão periodicamente os presídios paulistas, conforme a lei determina e a justiça exige. Tempos em que os defensores do judiciário e/ou da sociedade civil, nacionais ou estrangeiras, enfrentarão os abusos e violações do Estado e dos seus agentes e as grandes corporações. Tempos em que a impunidade e as injustiças serão exceção e os valores republicanos serão a regra. A democracia, a cidadania e o pleno respeito aos direitos humanos serão a medida e a razão de ser do Estado.
Desde Washington Luis e Altino Arantes perpetua-se a tradição bacharelista – ou bacharelesca? A elite ilustrada herdeira do poder, donos do poder, do saber e da administração publica. Estreitamente ligadas às oligarquias políticas e econômicas para a perpetuação e manutenção do status quo - dos coronéis aos bacharéis! Após décadas de legalismo e luta obstinada saudamos o legitimo monopólio dos abnegados setores ligados ao judiciário e a magistratura, vigilantes e alertas para combater as injustiças, as mazelas sociais, a impunidade e os desmandos! Nada a acrescentar, eis o supra summum da originalidade e ousadia nos áureos tempos democráticos: mais do mesmo! À justiça o império das leis e a cidadania a ordem.
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