sábado, 9 de fevereiro de 2013

“Alternativas” aos efeitos do Capitalismo


O atual estágio do Capitalismo – Globalização Neoliberal - corresponde a um incremento no que diz respeito às suas estratégias de organização e acumulação no interior de um processo de hegemonia do modelo ideológico ocidental – democracias de mercado. Do ponto de vista objetivo, democracia implica maior acesso a direitos, admitindo-se novos atores e/ou interlocutores na esfera política, estabelecendo novas relações entre o Estado e a sociedade. Nesse contexto, de um modo geral, a política encerra-se na democracia e a economia na Globalização. A sociedade insere-se nessa trama por meio dos movimentos sociais organizados, pela a cidadania formal e pelo amplo acesso ao mercado. O incremento dos processos produtivos em escala global, resultantes da hegemonia do capital, decretou o esgotamento dos recursos naturais. Os elevados custos ambientais aliados a essa nova configuração política do Estado - Estado democrático de direito - redefiniram as relações no interior dele e da sociedade – novos direitos, atores, demandas, paradigmas, valores, discursos e a produção.

Nesse contexto, é relevante observarmos a primazia do capital global sobre o Estado e os domínios políticos. Do ponto de vista objetivo, essa nova configuração do Estado redefiniu o seu papel de acordo com os interesses do capital global. Assim, do ponto de vista da sociedade o Estado passa a ser entendido como “prestador de serviços” e, do capital como o seu fiador ou financiador por meio do fundo publico e/ou subsídios e incentivos.  Parodiando o profeta nipo-americano, o esvaziamento do conteúdo ideológico intrínseco ao campo político determina “o fim da política.” Esse triunfo fatalista e cínico é o que sentencia o fim das ideologias substituindo-as por demandas.

Trata-se de uma visão reducionista do papel do Estado e da política de acordo com as exigências do modelo neoliberal – Estado mínimo.  Por outro lado, consiste em um modelo funcional e conciliatório caracterizado por uma tendência a canalizar, amenizar e diluir os conflitos e as contradições sociais. Por meio de uma política assistencialista e paternalista, o grande Estado Provedor e agregador, incorpora por meio de políticas publicas e do acesso ao mercado os setores antes excluídos.  Na medida em que expande quantitativamente as suas políticas e beneficiários, torna-se mais funcional e conciliatório – Estado de Bem Estar Social. O caráter conciliatório, porem, não se encerra na expansão de políticas ou subsídios públicos, mas na articulação e incorporação da sociedade ao campo político. Ela se dá pela cooptação seletiva de um lado e o assistencialismo tutelado de outro. Pauta-se por uma tendência que se orienta pela primazia do mercado – seus interesses, valores e técnicas. 

A Democracia é o sistema político que melhor atende as exigências do atual estagio do Capitalismo. O fim da Guerra Fria determinou a hegemonia do modelo político e econômico americano. Desse modo, o Brasil segue o caminho da America, no que diz respeito as suas políticas de inclusão – aquelas da época do Macarthismo e Guerra Fria. Não pode haver engano, de um lado, a incorporação de novos setores da sociedade ao campo político atende as exigências dessa nova configuração política e, de outro, a assimilação de setores excluídos pela economia presta-se a atender as demandas do capital para a manutenção da ordem burguesa estabelecida. Nesse contexto é que um suposto fortalecimento da sociedade civil organizada se manifesta por meio da expansão e incremento do movimento social.

Inserem-se nesse quadro de transformações às propostas de “economia solidária”, “empreendedorismo”, “responsabilidade social e ambiental empresariais” como alternativas a barbárie ou até mesmo como legítimos instrumentos de luta das classes desfavorecidas no contexto de transição "socialista" do projeto neodesenvolvimentista. Do ponto de vista objetivo, resulta um projeto político que inscreve a pobreza no interior do sistema financeiro – acesso aos mecanismos de crédito - dissimulado sob o manto sagrado da política social de combate à miséria e ao desemprego. A noção de empreendedorismo decorre de um contexto de desemprego crônico na base e acumulação concentrada no topo, colocando em movimento à precarização e à terceirização do trabalho, legitimando-se pelo movimento sindical, terceiro setor e a universidade pública através das incubadoras de cooperativas. Prestam-se a manipulação ideológica, desmobilizando a classe trabalhadora, concorrendo para a sua acomodação ao sistema capitalista de produção, reprodução da ordem burguesa e a hegemonia do capital ianque. Apontar as inconsistências desse esquema evidenciando as suas contradições e implicações deve ser o objetivo do movimento popular e dos militantes das causas da classe trabalhadora. Porque não é possível administrar a barbárie e é imperativo para a transformação da sociedade o seu enfrentamento.




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