quinta-feira, 4 de abril de 2013

O quarto


Há três anos eu estava só. Ainda estou só. Sem saber o que fazer. Indo, voltando, errando. Morrendo dia após dia. Minha vida é um hoje infinito. Tudo o que tenho é nada e isso é o que me basta e importa. Nada mais quero porque nada mais me importa. Que importa o futuro ou as ideias? As teses, teorias, prestigio, status, poder? Que poder? Saber? Vaidade? Rilke, Galeano, Giddens, Marx, Bobbio, Goethe, Shakespeare, Gramsci, Maquiavel, Graciliano, Machado, Foucault não fazem um homem, uma família. Nenhuma paz ou amor. Estou condenado ao presente e aspiro ao passado. Minha razão esvai. Minha fé esvaiu. Minha vida perdeu-se. Perdi a alma, a fé, a alegria, o amor, a esperança. Não passo de uma reles criatura, não sou, fui. Tenho desprezo pela minha vida e por tudo que sou e acreditei. Acreditei no saber, na razão, na política, nos homens, em mim, em deus. Dediquei a minha vida a verdade e a sociedade. Perdi tudo para a vaidade, a mentira, a hipocrisia, a covardia, a ambição. Revoltei-me, frustrei-me, entreguei-me. Abandonei-me e negligenciei aqueles que amo. Quando percebi estava só em uma cama vazia de um quarto escuro. O leito ainda é vazio e o interior sombrio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário