O
Mágico de Oz resolveu visitar o País dos Estatutos. Desacostumado com a
realidade das ruas - senão no Mundo Mágico de Oz - segundo as suas próprias
palavras foi “vitima de roubo por volta da 19:30 no centro” perdendo o seu “notebook,
celular e etc.” Criterioso no seu relato, o Mágico de Oz explica:
“Tudo
começou na rodoviária ao tentar comprar passagem para o litoral sul, pois as
empresas de ônibus Viação Intersul e Breda não aceitam cartão de credito ou
débito, deste modo fui sacar dinheiro, mas o caixa eletrônico estava
inoperante, não restou outra alternativa a não ser sair a pé e procurar um
caixa eletrônico.”
O
Mágico de Oz é dramático, revelando nenhuma familiaridade com a realidade do
cotidiano das pessoas que ele pretende representar:
“Por
pouquíssimo não fui assassinado. Foram dois indivíduos armados que me
abordaram.”
O
Mágico de Oz é também um sofista, tanto pela retórica vazia quanto pelas
contradições intrínsecas ao seu discurso falacioso. Grosso modo, o sofisma
consiste em um recurso deliberado e arbitrário, utilizado pelos levianos ou ignorantes
para adaptar demagogicamente os fatos as suas “teorias” e/ou conveniências.
Trata-se de uma manobra que revela nenhum apreço pela objetividade – coerência
ideológica e cientifica - e a realidade, subestima o bom senso e insulta a
inteligência alheia.
O Mágico de Oz é um bom burguês – individualista, arrogante e pedante (“meu nome, meu advogado, meu notebook, meu celular, meu dinheiro, meus cartões, meu patrimônio”) - e tem elevada estima de si. Ecce homo: considera-se o padrão para a sociedade em termos de representá-la e, um visionário político quando considera o fato pela causa.
O Mágico de Oz é um bom burguês – individualista, arrogante e pedante (“meu nome, meu advogado, meu notebook, meu celular, meu dinheiro, meus cartões, meu patrimônio”) - e tem elevada estima de si. Ecce homo: considera-se o padrão para a sociedade em termos de representá-la e, um visionário político quando considera o fato pela causa.
“Tal
acontecido reforçou minha convicção que estamos no caminho certo nesta campanha
do PSOL (Santos-SP) que exige dentre outros pontos, o fim da
proibição do pagamento em dinheiro na linhas municipais. Imaginem o que
ocorrerá com as pessoas impedidas de embarcar nos ônibus por não possuírem o
cartão. Certamente serão assaltadas e correrão toda sorte de risco....”
Para
o Mágico de Oz há uma relação direta entre a violência e o acesso ao transporte
publico condicionado ao uso de cartão eletrônico! Assim, vaticina que ocorrerá
um aumento no numero de pessoas assaltadas nos pontos de ônibus em consequência
do acesso restrito. Elementar meu caro Watson, diria Sir Holmes... . Amplos
conhecimentos acumulados em anos de estudos e pesquisas no Mundo Mágico de Oz o permitem inferir que os criminosos da cidade tem preferência pela classe media
e elites que utilizam o transporte publico - óbvio! Por outro lado, é questão de
lógica elementar deduzir que se as pessoas estiverem dentro dos coletivos,
pode-se reduzir significativamente o numero de assaltos ou de “toda sorte
de risco.” A
questão da violência urbana é mais complexa e trágica do que supõem o
cretinismo extravagante e leviano. A questão do transporte publico esta muito
alem do acesso restrito a cartões – o numero de ciclistas compulsórios que
sequer o utilizam por absoluta falta de recursos, deliberadamente ignorados
nesse “debate” demagógico e oportunista atestam isso. Ambas merecem mais
respeito.
O
Mágico de Oz é um cidadão de bem. Um homem reto, impoluto, virtuoso e corajoso.
Da estirpe de um Rui Barbosa ou Joaquim Barbosa. Um José Dias com delírios de
Cícero, aspirante a elite ilustrada catedrática da mais estrita tradição legalista
do “bacharelismo.” Ao povo: "Dura lex, sed lex". Conforme
“prega” a “doutrina” e a histórica tradição “revolucionária” do Judiciário no
País dos Estatutos, com a nobreza de espírito socialista dos fidalgos, renuncia
a própria liberdade ao “ingressar com mandado de segurança” - em seu
nome! -, “representado pelo advogado Nobel Soares, para por fim a
proibição do pagamento da passagem em dinheiro e denunciando as irregularidades
cometidas pelo MP na celebração do TAC”... . Quanto desprendimento, altruísmo
e abnegação! Eis aí um jovem Miguel Reale ou Barbosa Lima Sobrinho na sua
cruzada pelos tribunais para moralizar a política e a sociedade! Por trás da
capa do Mágico esconde-se a daquele que enverga a toga contra as mazelas
políticas e sociais. É o portador da espada de Dâmocles que se pretende
pairando sobre a sociedade e a política. O bastião da moral, da ética, do
saber, da virtude, da luz, da verdade e da lei. Aquele que pode conduzir as
massas e as hordas bárbaras, ignorantes e incultas das trevas para a
civilização – uma Mayara Petruso de calças? “Non ducor, duco.”
No
País dos Estatutos – democracias ocidentais capitalistas –, a despeito dos
super-poderes do martelo e do discurso politicamente correto da justiça, como
diria o outro advogado democrata, quem manda “é a economia, estúpido!” História
e teoria política básica e elementar, sobretudo para aqueles que se pretendem
socialistas ou falar em nome do socialismo! Assim o jovem Mágico de Oz
conheceu a realidade do País dos Estatutos, o Império de papel das leis e
códigos em profusão e escala industriais para satisfazer o furor compulsivo dos
prolíficos e celerados juristas a regular tudo! Por fim,
resigna, mas não capitula:
“Companheiros,
dificil de acreditar mas o MP parece que se vendeu. Estão passando por cima da
nossa constituição.[1]”
Como
bom burguês metido a gauche – aquele que reduz a teoria a clichês e a
práxis a espetáculo – renuncia a política em favor dos tribunais, não sem antes
proclamar de forma oportunista, leviana e demagógica que “no pasaran” por cima
da “nossa constituição!” Nossa, Mágico de Oz?!!! Impotente, sente-se o
Homem de Palha, mas, não pode desanimar porque se o MP pode ter se vendido –
não se precipite! - o STJ, o CNJ, o STF jamais se venderão! Sim, se não podemos
confiar na política, no povo, a justiça burguesa da democracia nominal há de
nos redimir! Viva o socialismo soft do século XXI daquele que se considera “um
partido necessário”! Imaginem se não fosse.....Salve Cartola, "rir pra não
chorar".....
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