quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Mágico de Oz do “partido necessário” no País dos Estatutos.


O Mágico de Oz resolveu visitar o País dos Estatutos. Desacostumado com a realidade das ruas - senão no Mundo Mágico de Oz - segundo as suas próprias palavras foi “vitima de roubo por volta da 19:30 no centro” perdendo o seu “notebook, celular e etc.” Criterioso no seu relato, o Mágico de Oz explica:
“Tudo começou na rodoviária ao tentar comprar passagem para o litoral sul, pois as empresas de ônibus Viação Intersul e Breda não aceitam cartão de credito ou débito, deste modo fui sacar dinheiro, mas o caixa eletrônico estava inoperante, não restou outra alternativa a não ser sair a pé e procurar um caixa eletrônico.”
O Mágico de Oz é dramático, revelando nenhuma familiaridade com a realidade do cotidiano das pessoas que ele pretende representar:
“Por pouquíssimo não fui assassinado. Foram dois indivíduos armados que me abordaram.” 
O Mágico de Oz é também um sofista, tanto pela retórica vazia quanto pelas contradições intrínsecas ao seu discurso falacioso. Grosso modo, o sofisma consiste em um recurso deliberado e arbitrário, utilizado pelos levianos ou ignorantes para adaptar demagogicamente os fatos as suas “teorias” e/ou conveniências. Trata-se de uma manobra que revela nenhum apreço pela objetividade – coerência ideológica e cientifica - e a realidade, subestima o bom senso e insulta a inteligência alheia.      
O Mágico de Oz é um bom burguês – individualista, arrogante e pedante (“meu nome, meu advogado, meu notebook, meu celular, meu dinheiro, meus cartões, meu patrimônio”) - e tem elevada estima de si. Ecce homo: considera-se o padrão para a sociedade em termos de representá-la e, um visionário político quando considera o fato pela causa.
“Tal acontecido reforçou minha convicção que estamos no caminho certo nesta campanha do PSOL (Santos-SP) que exige dentre outros pontos, o fim da proibição do pagamento em dinheiro na linhas municipais. Imaginem o que ocorrerá com as pessoas impedidas de embarcar nos ônibus por não possuírem o cartão. Certamente serão assaltadas e correrão toda sorte de risco....”
Para o Mágico de Oz há uma relação direta entre a violência e o acesso ao transporte publico condicionado ao uso de cartão eletrônico! Assim, vaticina que ocorrerá um aumento no numero de pessoas assaltadas nos pontos de ônibus em consequência do acesso restrito. Elementar meu caro Watson, diria Sir Holmes... . Amplos conhecimentos acumulados em anos de estudos e pesquisas no Mundo Mágico de Oz o permitem inferir que os criminosos da cidade tem preferência pela classe media e elites que utilizam o transporte publico - óbvio!  Por outro lado, é questão de lógica elementar deduzir que se as pessoas estiverem dentro dos coletivos, pode-se reduzir significativamente o numero de assaltos ou de “toda sorte de risco.” A questão da violência urbana é mais complexa e trágica do que supõem o cretinismo extravagante e leviano. A questão do transporte publico esta muito alem do acesso restrito a cartões – o numero de ciclistas compulsórios que sequer o utilizam por absoluta falta de recursos, deliberadamente ignorados nesse “debate” demagógico e oportunista atestam isso.  Ambas merecem mais respeito.
O Mágico de Oz é um cidadão de bem. Um homem reto, impoluto, virtuoso e corajoso. Da estirpe de um Rui Barbosa ou Joaquim Barbosa. Um José Dias com delírios de Cícero, aspirante a elite ilustrada catedrática da mais estrita tradição legalista do “bacharelismo.” Ao povo: "Dura lex, sed lex". Conforme “prega” a “doutrina” e a histórica tradição “revolucionária” do Judiciário no País dos Estatutos, com a nobreza de espírito socialista dos fidalgos, renuncia a própria liberdade ao “ingressar com mandado de segurança” - em seu nome! -, “representado pelo advogado Nobel Soares, para por fim a proibição do pagamento da passagem em dinheiro e denunciando as irregularidades cometidas pelo MP na celebração do TAC”... . Quanto desprendimento, altruísmo e abnegação! Eis aí um jovem Miguel Reale ou Barbosa Lima Sobrinho na sua cruzada pelos tribunais para moralizar a política e a sociedade! Por trás da capa do Mágico esconde-se a daquele que enverga a toga contra as mazelas políticas e sociais. É o portador da espada de Dâmocles que se pretende pairando sobre a sociedade e a política. O bastião da moral, da ética, do saber, da virtude, da luz, da verdade e da lei. Aquele que pode conduzir as massas e as hordas bárbaras, ignorantes e incultas das trevas para a civilização – uma Mayara Petruso de calças? “Non ducor, duco.”  
No País dos Estatutos – democracias ocidentais capitalistas –, a despeito dos super-poderes do martelo e do discurso politicamente correto da justiça, como diria o outro advogado democrata, quem manda “é a economia, estúpido!” História e teoria política básica e elementar, sobretudo para aqueles que se pretendem socialistas ou falar em nome do socialismo!  Assim o jovem Mágico de Oz conheceu a realidade do País dos Estatutos, o Império de papel das leis e códigos em profusão e escala industriais para satisfazer o furor compulsivo dos prolíficos e celerados juristas a regular tudo!    Por fim, resigna, mas não capitula:
“Companheiros, dificil de acreditar mas o MP parece que se vendeu. Estão passando por cima da nossa constituição.[1]
Como bom burguês metido a gauche – aquele que reduz a teoria a clichês e a práxis a espetáculo – renuncia a política em favor dos tribunais, não sem antes proclamar de forma oportunista, leviana e demagógica que “no pasaran” por cima da “nossa constituição!” Nossa, Mágico de Oz?!!!  Impotente, sente-se o Homem de Palha, mas, não pode desanimar porque se o MP pode ter se vendido – não se precipite! - o STJ, o CNJ, o STF jamais se venderão! Sim, se não podemos confiar na política, no povo, a justiça burguesa da democracia nominal há de nos redimir! Viva o socialismo soft do século XXI daquele que se considera “um partido necessário”! Imaginem se não fosse.....Salve Cartola, "rir pra não chorar".....





[1] Todas as citações foram extraídas da pagina do PSoL Santos no Facebook. 



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