Penso
nas ruas que não estive. Passei por todas elas. Sob o sol e as estrelas.
Entre muros, pedras e espinhos. Becos, vielas, trilhas, caminhos, descaminhos. Uma
sombra acompanhada por sonhos, ilusões e pesadelos. Um errante, desviante,
vacilante. Cegos conduzindo cegos as escuras. Apenas vagam, sussurram como o
vento. Em busca do nada em parte alguma. A minha direita alguém fala, a
esquerda ri, adiante espreita. Os pensamentos voam alem do espaço e do tempo. A
única companhia são as estrelas. Velam os anjos caídos.
Cúmplices
da eternidade. Impassíveis testemunhas do universo. "(...) este belo
e flutuante firmamento, este teto majestoso, ornado de ouro e flama – não me
parece mais que uma repulsiva e pestilenta congregação de vapores." Por
que tanto brilham as estrelas? Hedionda beleza, indefinível, inconcebível,
incompreensível. Balsamo dos que vagam alheios ao céu, indiferentes
a vida.
A
poeira do caminho de terra batida, o silencio da noite, o vazio dos olhares -
as sombras não possuem alma? Ruídos, gemidos, murmúrios, lamentos, pouco
mais que espasmos, pouco menos que vida, nada alem de um amontoado de
pó, arrastado pelo vento, dissolvido pelo tempo. Quanto vazio contem o
universo? Quanto cabe em um homem? Demasiada é a vida, a saudade, a
tristeza. O infinito não é o suficiente. Basta-me a medida porque
imensa é à noite e vasto é o pensamento.
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