domingo, 23 de novembro de 2014

Vigília.

Eu sou aquele que vaga pelas noites sombrias e vazias. A sombra furtiva fluida que erra e vacila. O ignoto inquieto que desespera e geme sob o céu infinito aflito teme mais que a morte a vida que arrasta e achaca. Eu sou aquele das lembranças esquecidas, dos sonhos perturbados, das vigílias perenes, despertado, assombrado, assoberbado a questionar a noite e as infinitas, indiferentes e distantes estrelas. Aquele que olha e não vê, adormece e não repousa, pensa e não raciocina. Aquele que sempre está a espera da porta abrir, da vida ressurgir, do natal na terra. O homem saudade, medo, angustia, solidão, dor. Deus intimida. Por que não fala? Por que as estrelas brilham e ofuscam? As estrelas embaraçam. Por que a voz cala e engasga? Palavras. Não temo a escuridão da noite que oculta a sombra, enquanto reflito sobre a que se abate na alma. Nada permanece impune sobre a carne e a terra que jazem sob o céu inabalável, arrebatador, aterrador. Medo, medo... .        

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