
De fato, ele não é exemplo de coisa alguma, senão de um sujeito que venceu na ordem burguesa - e que a aceita -, a despeito das suas condições adversas. Herói de pobre - se existe! - não é bem sucedido no capitalismo, deve ser quem luta contra ele! O "empreendedor" da miséria. É intrínseco ao capitalismo a exploração e acumulação, portanto, para cada "winner" como ele haverão incontáveis "losers" pavimentando o caminho de uns poucos. É a meritocracia dissimulada sob a capa do manto sagrado do discurso "social", do bovarismo, do empreendedorismo, da domesticação do capitalismo, do capitalismo para todos. Exercício de retórica e/ou fabrica de ilusão para poucos deslumbrados ou cínicos. Me lembra das assistentes sociais do presídio, do Primeiro Emprego e do Pronatec, dos professores do Senai e Senac, que sob a tutela do governo e do patronato pretendiam adestrar os "marginalizados" para o mercado - a tábua de salvação para a desigualdade e a injustiça!
Por isso nas comunidades que atuei, seja de forma independente, ligado a partidos ou como profissional, sempre busquei a formação - ainda que no âmbito de ações de geração de renda. Desse modo, o Senac me dispensou do Programa Educação para o Trabalho (PET) - porque eu explicava pra eles que a Coca-Cola (financiadora do programa) apenas precisava de mão-de-obra barata e adestrada, a despeito da importância de uma formação que privilegiasse a critica da relação capital x trabalho e o papel social e emancipador-transformador do trabalho. Assim foi também no Senai e Sesi, escolas a serviço da FIESP-FIRJAN. Nas comunidades sob intervenção estatal no bojo de políticas habitacionais e urbanização que contemplavam remoções, seja de forma independente ou ligado a partidos e governos, privilegiei entidades de luta dos bairros, colaborando nas estratégias de mobilização e organização popular, criando ou fortalecendo conselhos populares ou de bairro - conforme as características e demandas coletivas. Foi assim em Cubatão, Bertioga, Grajaú em SP. Enfim, não ensino - quando ensino! - nada do ponto de vista do mercado, nada nobre ou instrumental, ligado a tecnologia ou a ganhar dinheiro e captar recursos, barganhar com a burguesia ou os poderosos, instigo apenas a refletir sobre o seu lugar nesse sistema e as suas condições e possibilidades, sobre o jogo da burguesia e os seus interesses dissimulados na conciliação conveniente no interior da luta de classes. Ensino a recusar de maneira consciente os incontáveis representantes, defensores, conciliadores, pacificadores, vendidos e intermediários. A se mobilizar, resistir, revoltar, organizar e até a rezar para Jesus Malverde - como diria Glauber: "mais fortes são os poderes do povo!". E logo menos, se depender de mim, será o inferno nas perifas pra cima da burguesia do RN. Sem nem foto, teatro, musica, artesanato, colaboração ou debate.....Quem sobreviver verá.
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