
O perfil do estudante da Unifesp da baixada santista, como de todas as universidades publicas paulistas, mesmo dos cursos de humanas é predominantemente classe média. A clientela é composta pelos jovens filhos da burguesia e pequena burguesia santista. O estacionamento, as etiquetas, a parafernália tecnológica e a altivez não deixam duvidas quanto a classe social da esmagadora maioria. Percebe-se, ao lado da altivez típica da burguesia, algo entre o deslumbramento e uma postura blasé fútil e idiota deliberada. Por isso ressaltei o caráter militante, engajado e critico, marxista-leninista da obra da professora Saffioti - esqueçam patricinhas, não existe feminismo revolucionário na burguesia e nem ele se esgota na academia! Feminismo e luta de classes são indissociáveis!
Por fim, chamou-me a atenção as diversas faxineiras - predominantemente negras - espalhadas pela universidade, espreitando pelos banheiros, pátios, salas, arrastando as suas vassouras, rodos, sacos de lixo, completamente invisíveis diante da indiferença coletiva à presença delas. Algumas observavam atentamente de longe, outras cochichavam entre si sobre o alvoroço do evento, muitas riam das meninas caprichosamente desleixadas e forçosamente radicais, iconoclastas, andróginas, antissociais, afetadas. Tudo rigorosamente preparado para escandalizar - talvez a vovó, a mamãe ou a titia carola e, nada além disso. Uma caricatura, um arremedo de feminismo superficial, vazio, diletante - bastante parecido com a dita "Femen" que alias, foi bastante citada de modo positivo pelas jovens presentes.
Na "sociedade do espetáculo", a aparência compensa a falta de ideias e a luta. Não sei como foram os outros dias da semana no evento, mas, uma "semana feminista" que ignora e exclui o proletariado não está a altura das bandeiras e lutas do feminismo, e é apenas isso mesmo: "sociedade do espetáculo" - "a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real. Essa alienação reciproca é a essência e a base da sociedade existente." (Guy Debord em A sociedade do espetáculo).
Na "sociedade do espetáculo", a aparência compensa a falta de ideias e a luta. Não sei como foram os outros dias da semana no evento, mas, uma "semana feminista" que ignora e exclui o proletariado não está a altura das bandeiras e lutas do feminismo, e é apenas isso mesmo: "sociedade do espetáculo" - "a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real. Essa alienação reciproca é a essência e a base da sociedade existente." (Guy Debord em A sociedade do espetáculo).
A Semana (Des)Construindo o Feminino foi realizada com muita luta, sem recursos e muita militância de um grupo que tenta fazer a diferença dentro da Universidade! A situação das trabalhadoras terceirizadas tem sido objeto de debates e lutas de um grupo pequeno ao qual o(a)s mesmo(a)s organizadore(a)s da Semana pertencem. Você retratou o perfil padrão do(a) universitàrio(a) no Brasil. Não é novidade que a Universidade é elitista. A questão é o que nós, que pensamos na emancipação do(a)s trabalhadore(a)s, fazemos no interior dela. Neste sentido, a Semana não foi um espetáculo, ao contrário tentou e tenta, a duras penas, consolidar o pensamento crítico, tal como fazia Heleieth Saffioti.
ResponderExcluirUma observação: você se auto-convidou! Foi bem recebido e fez questão de SOLICITAR o seu CERTIFICADO ACADÊMICO pelos seus 5 minutos de participação. A classe trabalhadora agradece!
Renata Gonçalves
(organizadora da Semana, feminista, marxista, anti-racista e, portanto, uma lutadora pelo fim da exploração e da opressão)
Auto-convidou? Não é o que dizem as mensagens trocadas. Por fim, "certificado", "pensamento critico" é obrigação e o minimo que se espera de qualquer universidade, sobretudo, das publicas e dos cursos de humanas que se pretendem marxistas. " "Duras penas"? Estou quase comovido! Duras penas sofre quem eu vi ignorado no evento e fiz a critica aqui! "A classe trabalhadora agradece" é o melhor! Eu não desqualifiquei o evento e nem rebaixei a critica, não reduza a luta e o debate ao ambiente elitizado acadêmico. Quero ver subir os morros santistas, entrar nas comunidades de São Vicente, Cubatão, Bertioga e fortalecer as entidades populares de luta - como eu cansei de fazer quando morava na baixada com o PCB e até com o PSoL! No mais, a observação pontual e critica não diminui o trabalho e o debate, senão pra aqueles que só esperam confetes e aplausos como convém as liturgias das elites acadêmicas....
ResponderExcluirDos "auto-convites":
ResponderExcluirRenata Gonçalves comentou a foto dela no grupo (Des) Construindo o feminino
Oi Mario! Que tal vir prestar esta homenagem à...
Renata Gonçalves 1 de março de 2013 13:16
Oi Mario! Que tal vir prestar esta homenagem à Saffioti na abertura da mesa da noite, em 04/03 ?
Histórico de comentário
Mario Miranda Antonio Junior
Mario Miranda Antonio Junior 1 de março de 2013 13:07
Uma homenagem e pequena contribuição....http://pedranocaminho.blogspot.com.br/2013/02/lembrancas-da-puc-sp.html
Nem tudo está perdido! Era disso que eu falava e que observei ausente em 2013! Antes tarde do que nunca. O evento abaixo, coincidentemente ocorreu essa semana.Apenas o que se espera de uma universidade publica e um saber engajado e comprometido com as causas proletária e populares.....
ResponderExcluirCentro de Educação em Direitos Humanos (CEDH), NETeG - Núcleo de Estudos do Trabalho e Gênero e Núcleo de Estudos Heleieth Saffioti convidam para o evento:
"Mulher, Trabalho e Universidade"
24/03:
15h às 17h - Oficina: Organização Política - Mulher e Trabalho (com Diana Assumpção, profa Renata Gonçalves e profa Claudia Mazzei Nogueira)
17:30h às 19h - Mesa proposta de pauta p "política da UNIFESP para mulheres trabalhadoras da comunidade universitária
Debatedora: reitora Soraya.